A BR-040, principal ligação entre o Entorno Sul e o Distrito Federal, voltou a ser alvo de críticas da população. Motoristas que trafegam entre Valparaíso de Goiás e Luziânia relatam aumento expressivo no número de multas aplicadas por novos radares de velocidade instalados ao longo da rodovia.
As denúncias apontam falta de transparência no funcionamento dos equipamentos. Há suspeitas de que os pardais estejam operando com base em velocidade média — tecnologia que exige aviso prévio e sinalização clara, o que não estaria ocorrendo. As queixas ganharam força nas redes sociais. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pela via, ainda não prestou esclarecimentos oficiais.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o superintendente de Trânsito de Valparaíso, André Reis, classificou as denúncias como falsas. Ainda assim, os relatos persistem. Sem uma explicação técnica do DNIT, cresce a percepção de que os radares estejam sendo usados como mecanismo de arrecadação.
O vereador Marcos Cunha, de Luziânia, foi um dos poucos parlamentares da região a solicitar, formalmente, esclarecimentos do órgão federal. Até o momento, não houve resposta.
Além da polêmica com os radares, a BR-040 apresenta problemas estruturais há anos. O trecho urbano da rodovia não é duplicado, tem iluminação precária e ausência de passarelas. A iluminação atual foi instalada com recursos das prefeituras da região e, mesmo sendo uma intervenção básica, foi tratada como grande conquista.
A situação do transporte público também é crítica. Ônibus lotados, atrasos e longos tempos de viagem são parte da rotina de milhares de trabalhadores que se deslocam diariamente ao Distrito Federal. A região cresce sem planejamento adequado de mobilidade urbana. Propostas como BRT, VLT ou trem regional reaparecem a cada eleição, mas seguem fora da realidade.
Em fevereiro, um consórcio entre o Governo de Goiás e o GDF foi criado para subsidiar as tarifas de ônibus, impedindo aumento nos preços. A iniciativa, liderada pela Secretaria do Entorno, sob comando de Caroline Fleury, acabou sendo explorada por políticos que não participaram das negociações. Um vereador da região chegou a prometer acionar o Procon contra as empresas, desconsiderando que o reajuste havia sido autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A atuação gerou dúvidas sobre desconhecimento técnico ou simples oportunismo político.
A BR-040, com trânsito intenso, transporte precário e estrutura limitada, segue como símbolo da ausência de investimentos do Governo Federal no Entorno. A população cobra respostas, respeito e ações concretas. Até agora, tem recebido apenas silêncio.