A transição entre a vitória nas urnas e a posse é um dos períodos mais críticos para prefeitos e vereadores recém-eleitos. Embora ainda não tenham assumido formalmente seus cargos, esses políticos já são observados como representantes do interesse público. O comportamento e a comunicação, especialmente em tempos de redes sociais, tornam-se fatores determinantes para a construção ou desgaste precoce da imagem desses líderes.
Na era das redes sociais, o papel desses novos líderes vai além das promessas de campanha: torna-se um exercício diário de comunicação pública. O uso das plataformas digitais, que antes servia para angariar votos, agora precisa ser direcionado para informar e engajar os cidadãos de forma responsável. Contudo, o que se nota é que muitos eleitos ainda operam como se fossem usuários comuns. Essa falta de discernimento pode prejudicar a imagem pública antes mesmo de assumirem o cargo, visto que, uma vez eleitos, suas palavras e ações nas redes têm repercussão direta.
Esse descompasso é particularmente evidente em tempos de crise. Durante as recentes enchentes que devastaram várias regiões do Brasil, prefeitos e vereadores eleitos mantiveram postagens comemorativas, distantes das necessidades e preocupações de seus eleitores. Embora não se trate de um comportamento intencionalmente insensível, ele demonstra uma incompreensão sobre o papel de liderança que agora ocupam. A população, em momentos críticos, espera respostas rápidas e solidárias — não celebrações fora de contexto.
A comunicação institucional, no entanto, vai além do ambiente digital. Ela se estende a entrevistas, declarações em programas de rádio, podcasts e eventos públicos. Nesse contexto, muitos eleitos acabam se expondo excessivamente, repetindo promessas de campanha sem apresentar novidades concretas. Essa superexposição sem conteúdo relevante não apenas cansa o público, mas também mina a credibilidade desses políticos. Em vez de discursos vagos, o foco deveria estar em anúncios de secretariado, planos de governo e outras medidas tangíveis, que realmente impactam a vida dos cidadãos.
A transição para o novo papel de figura pública exige um grau de profissionalismo que muitos ainda não desenvolveram. Nesse sentido, contar com uma assessoria de comunicação não é um luxo, mas uma necessidade. Profissionais capacitados podem ajudar a ajustar o tom das postagens e orientar entrevistas, evitando deslizes que podem prejudicar o relacionamento com o eleitorado antes mesmo do início oficial dos mandatos.
Além do discurso digital, a postura dos eleitos nas casas legislativas também merece atenção. A entrada nesse novo ambiente exige uma conduta que demonstre seriedade e comprometimento. No entanto, é comum que alguns eleitos ajam de maneira informal e descontraída, tratando o espaço legislativo como uma extensão da campanha, o que pode comprometer sua imagem.
Portanto, o período entre a eleição e a posse funciona como um teste silencioso, mas implacável. Prefeitos e vereadores eleitos precisam entender que a responsabilidade começou no momento em que as urnas foram fechadas. Cada gesto, cada postagem e cada palavra pública têm o potencial de moldar sua trajetória política. Assim, embora a corrida eleitoral tenha terminado, o verdadeiro teste de liderança — e de comunicação — apenas começou.
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