A visita do ex-presidente Jair Bolsonaro a Valparaíso, no último domingo, 22 de setembro de 2024, trouxe à tona uma realidade inesperada: ao invés de impulsionar candidaturas, seu apoio acabou revelando fraquezas em duas campanhas que apostavam todas as fichas no bolsonarismo para virar o jogo eleitoral. Desde o início da pré-campanha, Bolsonaro foi tratado como um trunfo por alguns grupos políticos, que viam em sua figura a chance de alterar o cenário eleitoral já praticamente consolidado na cidade.
Essas candidaturas, que apostavam no ex-presidente como tábua de salvação, engajaram-se em uma disputa feroz para conquistar o apoio do eleitorado, apresentando-se como os representantes de Bolsonaro em Valparaíso. Ao longo da campanha, houve um verdadeiro bombardeio de postagens nas redes sociais, fotos com figuras icônicas do bolsonarismo em Brasília e Goiás, e até mesmo vídeos gravados ao lado de aliados próximos do ex-presidente.
A disputa tomou um novo rumo quando o próprio Bolsonaro, acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, declarou apoio à candidatura do Solidariedade, uma reviravolta inesperada para o PL, partido do ex-presidente. Essa demonstração de apoio foi celebrada com entusiasmo, como se fosse uma vitória antecipada. A presença de figuras de peso como a senadora Damares Alves e a vice-governadora de Brasília, Celina Leão, no evento parecia reforçar a crença de que a eleição poderia ser virada a favor do grupo. A militância do Solidariedade estava eufórica, acreditando que a visita do "capitão" seria o ponto de virada.
Apesar das expectativas, o evento com Bolsonaro não teve o efeito desejado. Embora o ex-presidente ainda tenha um público fiel, ficou claro que as candidaturas que contavam com sua presença não tinham a força política necessária para se sustentar. A aposta em Bolsonaro como único ativo político revelou-se um erro estratégico. O problema não era a capacidade de mobilização do ex-presidente, que continua atraindo seguidores pelo país, mesmo inelegível ou fora do poder. A questão central era a fraqueza dos candidatos locais que tentaram usar Bolsonaro como "escada" para impulsionar suas campanhas, sem construir uma base própria de apoio sólido.
A visita do ex-presidente acabou servindo como uma lição amarga para essas candidaturas. Ao invés de fortalecer seus nomes e propostas, as campanhas focaram exclusivamente na imagem de Bolsonaro, esquecendo-se de que uma eleição local exige conexão direta com o eleitorado da cidade, algo que esses candidatos não conseguiram estabelecer. O resultado foi desastroso: ao invés de decolar, as campanhas viram suas chances de vitória minguarem.
Enquanto isso, o grupo governista, que desde o início se posicionou de forma ousada e enfrentou o bolsonarismo de frente, colheu os frutos de sua estratégia. Mesmo diante da presença de Bolsonaro e seus aliados, a campanha governista manteve sua postura firme, apostando em uma conexão direta com os eleitores e não se deixando intimidar pela influência externa do ex-presidente. No fim, o que parecia ser uma batalha de Davi contra Golias acabou com a vitória do grupo local.
O evento de domingo, que muitos esperavam ser o grande momento de virada para as candidaturas apoiadas por Bolsonaro, se transformou em uma imagem simbólica do enfraquecimento dessas campanhas. A foto da caminhada governista ficou marcada como um registro histórico, enquanto o apoio bolsonarista falhou em trazer o impacto esperado. Em vez de impulsionar a corrida eleitoral, a visita de Bolsonaro foi o prenúncio do fim de duas campanhas que, sem uma base consolidada, foram praticamente sepultadas.
Agora, o que resta para esses candidatos é lutar para não terminar em terceiro lugar, já que a disputa se tornou uma corrida contra o tempo para evitar o fracasso completo. O clima de velório tomou conta das campanhas, enquanto, em contrapartida, o grupo governista sorri pelos cantos.